Por que a República foi proclamada no Brasil em 1889?
O Brasil, desde seu “achamento”, passou por 4 fases políticas:
Foi COLÔNIA, REINO, IMPÉRIO, E REPÚBLICA.
O processo de emancipação do Estado brasileiro começou
com as Guerras Napoleônicas. Devido ao alinhamento que tinha com a Inglaterra,
e ameaçado de ser subjugado por Napoleão, a Corte Portuguesa se transferiu para
o Brasil em 1808. Na condição de Reino, muita coisa foi mudada no país,
principalmente a ação do Imperador D. João VI de abrir nossos portos para as
nações amigas, permitiu a instalação de fábricas, fundou o Banco do Brasil,
deixando inúmeras marcas, ajudando a consolidar e alçar o Brasil à uma condição
de Estado moderno.
Mas a situação na Metrópole se deteriorava, e seus súditos pressionavam para que D. João VI voltasse para Portugal. D. João voltou para Portugal em 1821, e deixou seu filho Pedro de Alcântara, como Príncipe Regente no Brasil, mas os ideais libertários – houve na Cidade do Porto uma Revolução Constitucionalista (Revolução Liberal Portuguesa de 1820) e a pressão da Corte Portuguesa, que queria ver o Brasil novamente rebaixado à condição de Colônia de Portugal, plantaram na antiga Colônia, então Reino, os ideais da sua libertação de Portugal.
O processo de independência se iniciara em Janeiro de 1822,
com o famoso “Dia do Fico”, pois o então Príncipe Regente, pressionado pela
Corte Portuguesa a voltar para Portugal, que queria ver sua maior possessão
retornar à condição de Colônia, pois o Brasil estava se tornando um país
incômodo, com seu crescimento, desenvolvimento e relativa "Se
é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo
que fico".
independência da
Corte. Os Liberais Radicais, unidos ao
Partido Brasileiro, reuniram mais de 8 mil assinaturas para pressionar o Príncipe-regente
a ficar no Brasil. Então, ele declarou:
Tal decisão incomodou muito a Corte Portuguesa, que
pressionou muito o Brasil, enviando cada vez mais tropas para impedir levantes
populares que pudessem culminar em alguma separação de Portugal. Então, em 7 de
setembro de 1822, Dom Pedro de Alcântara declarou a independência do Brasil do
Reino de Portugal, e se tornou o primeiro Imperador do Brasil, D. Pedro I. Em
1824, promulgou a Primeira Constituição Brasileira. Mesmo Regente do Império
ele ainda era o primeiro na sucessão da Coroa Portuguesa. O Primeiro Reinado
durou até 1831, quando teve de abdicar à Coroa Brasileira para voltar para a
Metrópole e assumir o Reino de Portugal, com a morte de seu pai, e a disputa pelo trono com seu irmão, D. Miguel.
A situação política no Brasil estava muito delicada, pois no
início, D. Pedro teve que lutar contra a resistência portuguesa em diversas
Províncias, depois implantou a Assembleia Constituinte para iniciar os
trabalhos de elaboração da Constituição Nacional. A Assembleia deixou claro que
votaria uma Carta restringindo os Poderes Imperiais, mas antes de ser aprovada,
o prédio da Assembleia foi cercado pelo Exército e, por determinação do
Imperador, a mesma foi dissolvida. E a Constituição foi elaborada por Juristas
de confiança do Imperador.
A Constituição de 1824 foi outorgada, trazendo uma novidade:
o PODER MODERADOR, exercido unicamente pelo Imperador, que poderia fiscalizar e
vetar atos dos outros três Poderes.
Devido a seu autoritarismo, o Imperador foi muito criticado
e inúmeras revoltas se levantaram por todo o Brasil, como a Confederação do
Equador, a Revolução Farroupilha. A pressão tanto interna quanto externa
aumentar muito, pois o Imperador tomava muitas medidas impopulares e
autoritárias, causando um descontentamento geral. Sua ida para Portugal, abriu
caminho para que seu filho assumisse o Trono no Brasil. Mas o herdeiro do trono
ainda era menor de idade.
Foi então inaugurada uma nova fase do Império: O PERÍODO REGENCIAL.
Como D. Pedro II tinha pouco mais de 5 anos quando seu pais
abdicou do Trono, foram estabelecidos três tipos de Regência para governar o
país neste período, Por um curto período de dois meses, foi estabelecida uma
Regência Trina Provisória, logo substituído pela Regência Trina Permanente, que
foi substituída entre 1831 e 1840 pela Regência Una do Padre Diogo Antônio Feijó, e Regência Uma de Araújo Lima. José Bonifácio
atuou como um tutor, nomeado pelo Imperador D. Pedro I.
Diogo Antônio Feijó exerceu um governo com inspirações
liberais, mas pressões políticas e sociais o obrigaram a renunciar. Araújo Lima
foi um conservador, centralizando o Poder em suas mãos, mas foi veemente
atacado pelos Liberais. Os Liberais só TOMARAM O PODER, APÓS DAREM O GOLPE DA
MAIORIDADE POLÍTICA – os Liberais
agitaram o povo, que pressionou o Senado a declarar o jovem Pedro II maior de
idade antes de completar 15 anos.
Para auxiliar o novo
imperador do país, foi instaurado o Ministério da Maioridade, de orientação
liberal. Liderados por grandes proprietários de
terras e escravos que viam com desconfiança o processo de descentralização
político-administrativa iniciado pelas autoridades do Período Regencial. Por outro lado, as
revoltas sociais que surgiram em diversas províncias
espalhadas pelo Brasil, exigiam alguma medida que garantisse a ordem e a paz
social. Para eles, somente o restabelecimento de uma autoridade monárquica conteria os excessos dos poderes
locais e apaziguar as dissensões.
Com
o GOLPE DA MAIORIDADE(1840), deu-se o início do SEGUNDO REINADO. A economia do
Brasil, girava ainda em torno da agricultura. O café substituiu a
cana-de-açúcar como nosso principal produto exportador, levando nossa agricultura
a apresentar uma expansão de 900%. A falta de mão-de-obra, em consequência da
libertação dos escravos foi contornada com a vinda de centenas de milhares de
imigrantes italianos, portugueses, alemães, etc. Permitindo assim que o país desenvolvesse
uma base industrial e se expandisse para o interior.
D. Pedro II construiu uma
grande malha ferroviária e rodoviária no Brasil. Nossa Marinha de Guerra chegou
a ser a quarta maior do mundo. A força de trabalho escravo ainda se manteve por
um bom período, mesmo com a proibição, mantendo-se até 1888, com a proclamação
da Lei Áurea. Por pressões internas e externas, principalmente da Inglaterra, o
tráfico negreiro decaiu muito neste período. E também por pressão dos
cafeicultores paulistas, que preferiam a mão-de-obra assalariada dos
imigrantes.
A partir de 1870 os
movimentos pró republicanos cresceram exponencialmente no Brasil. Até que em 15
de novembro de 1889, um GOLPE MILITAR destituiu o Primeiro-ministro Visconde de
Ouro Preto. Por pressão de Republicanos como BENJAMIN CONSTANT, o Mal. Deodoro
da Fonseca – mesmo acamado(alguns historiadores dizem que ele estaria com diarreia)
– proclamou a República e mandou a Família Real de volta para Portugal.
Mas o que contribuiu para a
queda da Monarquia e ascensão da República?
Diversos fatores, tais como
a insatisfação da elite agrária, descontente com a abolição da escravatura, sem
indenização para os proprietários rurais. Um descontentamento de cafeicultores
paulistas que utilizavam apenas mão-de-obra dos imigrantes europeus. Um descontentamento
dos militares do Exército, que entendiam que o Imperador prestigiava mais a
Marinha, em detrimento do Exército. Além do grande prestígio alcançado pelo Exército com a vitória na
Guerra do Paraguai, dando aos representantes do Exército muita relevância
política, pois a ascensão ao oficialato deu muito prestígio a jovens de classe
média e populares que ingressaram no Exército. Ao mesmo tempo, instituições
militares sofreram influência dos “pensamentos positivistas”, onde se defendia
a “ORDEM”, como meio de alcançar o “PROGRESSO”. A vitória na Guerra elevou o
moral dos militares do Exército, dando a eles uma maior sensação de Poder,
acreditando que seu RIGOR e ORGANIZAÇÃO poderiam ser úteis na resolução dos
problemas do país.
Os militares passaram a se opor ao imperador de forma veemente,
criticando-o e até repudiando Ordens Imperiais diretamente nos meios de
comunicação da época. Os Partidos Republicano e Partido Republicano Paulista
perceberam a oportunidade e aproximaram-se dos militares insatisfeitos,
preparando assim a situação ideal para o GOLPE QUE VIRIA.
Também as constantes interferências
do Imperador nos assuntos da Igreja, que era subordinada ao Estado (quem
nomeava os Padres, Bispos ou Cardeais era o Imperador), causou descontentamento
no Vaticano, devido a crescente nomeação de Párocos ligados à maçonaria, pois o
Imperador era maçom.
Em 1864, o Papa Pio IX
resolveu proibir a nomeação de Párocos ligados à Maçonaria, ordem desacatada
pelo Imperador, que foi declarado autoritário e infiel pelo Vaticano.,
Mas nenhum dos movimentos libertários
tais como Independência do Brasil, e Proclamação da República, contou com o
apoio e a participação do POVO. Na realidade o povo apoiava o Imperador.
Aristides Lobo, correspondente do
Diário Popular, de SP em sua edição de 18 de novembro daquele ano escreveu
sobre a derrubada do Império, uma frase histórica:
“Por ora, a cor do governo é puramente militar e
deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento
civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito,
surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar
vendo uma parada!”
E, de lá para cá tem disso assim: quase sempre no Brasil as
coisas se resolvem através de um #GOLPE. Em 127 anos do regime Republicano, o
país elegeu 36 governantes , mas apenas 18 deles via voto popular, e destes 18,
somente 11 terminaram seus Mandatos.
A partir de 1930 a proporção foi pior: dos 25 Presidentes,
apenas 5 foram eleitos por voto popular e permaneceram até o fim de seus Mandatos
– Eurico Gaspar Dutra, Juscelino Kubitschek, Lula, FHC, e Dilma(em seu primeiro
Mandato).
Com o recente impedimento da Dilma, ela se junta a outro
clube: o dos Presidentes depostos via impeachment ou GOLPE. São
eles: Washington Luís, Júlio Prestes, Getúlio Vargas, Carlos Luz, João
Goulart e Fernando Collor.
Por estas e outras razões, podemos afirmar que a “A regra no Brasil é o golpe",
exceção é ver um governo conseguir governar até o fim.
Proclamação da República do Brasil
Proclamação da
República, ato isolado ou fato inevitável?
Só 11 presidentes que o país elegeu terminaram o mandato
Em 90 anos,
apenas 5 presidentes democráticos terminaram mandato no Brasil - Jornal O
Popular
http://www.opopular.com.br/editorias/politica/em-90-anos-apenas-5-presidentes-democr%C3%A1ticos-terminaram-mandato-no-brasil-1.1084489
http://www.opopular.com.br/editorias/politica/em-90-anos-apenas-5-presidentes-democr%C3%A1ticos-terminaram-mandato-no-brasil-1.1084489
Lista de
Presidentes do Brasil
Para
historiadores, “achamento do Brasil” no caminho das Índias não foi por acaso
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